Num post anterior (Ver em 3D – Parte I) vimos qual era o mecanismo a visão de profundidade, tridimensional com base no facto de termos dois olhos, uma propriedade designada de estereopsia.
Na altura expliquei que tal capacidade apenas era possível para objectos que distem menos de 30 metros do observador; para distâncias superiores, existem um conjunto de “pistas” que o nosso cérebro usa para inferir a posição dos objectos no espaço – pistas monoculares (não dependentes portanto da cooperação dos dois olhos).
1 – tamanho familiar – o conhecimento do tamanho normal dum objecto permite calcular a sua distância; além disso, perante dois objectos similares, aquele que nos aparenta ser mais pequeno presume-se mais distante
2 – perspectiva linear – linhas paralelas, como as dum caminho de ferro, parecem convergir com o aumento distância.
Vejamos então um par de imagens que sintetizam na perfeição estas duas propriedades. As linhas de fuga do corredor dão-lhe, efectivamente, profundidade através da perspectiva linear (2). Por outro lado, invocando o tamanho familiar (1), presume-se, na primeira figura (e repare que sendo uma figura a 2D a profundidade é uma construção cerebral), o tamanho similar das duas mulheres.
A segunda imagem, artificial, desloca a mulher para o plano da frente, não lhe alterando o tamanho, o que corresponde a uma violação no nosso sistema perceptual (algo está errado), dado que, sendo ‘seres similares’ (conhecimento a priori) deviam ter a mesma altura
Continuando…
3 – oclusão – se um objecto cobre outro, presume-se que está à frente (óbvio, eu sei).
4 – distribuição de sombras e padrão de iluminação – a interacção dum objecto com o meio produz uma sombra ou um padrão de iluminação que nos ajuda a calcular a sua posição/orientação; na pintura, o domínio de tal arte é designado de chiaroscuro.
É o jogo de luzes/sombras nesta representação bidimensional duma esfera que, lá está, me permite dizer que isto é uma representação bidimensional duma esfera.
Last, but not least…
5 – paralaxe – um nome complicado para algo simples; perante uma deslocação lateral do campo de visão, os objectos mais distantes movimentam-se mais lentamente do que aqueles próximos do observador
Uma vez que pode ser um conceito difícil de digerir, fica uma animação que explica não só o conceito de paralaxe (5) como também o de oclusão (3).
E é tudo caríssimos leitores; espero que com estes dois ensaios tenham ficado a perceber um pouco mais sobre como se processa a visão espacial! Qualquer dúvida, estou à distância dum comentário 😉